Hoje foi dia de fonoterapia. Como já contei por aqui faço sessões quinzenais com minha fonoaudióloga durante 30 minutos. Obviamente que eu faço os exercícios sempre que posso em casa. Anyway...
Hoje a fonoterapia foi um pouquinho diferente e isso porque eu fui reclamar que ontem ao ler um texto em voz "alta" na sala de aula me faltava o ar. Ela então ligou o computador e pediu para eu ler o texto de Carlos Drummond de Andrade intitulado "José".
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Vocês devem estar pensando: "só isso"? ou ainda "o que isso tem a ver com a respiração"? Quando ela pediu para ler, prontamente o fiz, mas não imaginava que seria difícil (ao menos pra mim que tenho vários problemas respiratórios) Um detalhe: Ela pediu para eu ler rápido, respirando só pelo diafragma. Não consegui, no final do primeiro parágrafo eu abri a boca para respirar. Mas sigo tentando, quem sabe um dia eu consigo?
Na próxima sessão ela vai marcar para mim as pausas para respiração. Então daqui a 15 dias conto como foi ;)
Na próxima sessão ela vai marcar para mim as pausas para respiração. Então daqui a 15 dias conto como foi ;)
Só tenho a certeza de uma coisa nesse momento: Como faz falta ter um nariz decente e uma respiração digna. Inverno, acaba logo. Rinite vai embora!