Hoje estive na minha fonoaudióloga para fazer fonoterapia e entre tantos exercícios já repetidos um milhão de vezes e alguns dos quais ainda tenho alguma dificuldade, eis que me deparo com uma surpresa muito boa! Como em todas as sessões ela me pediu para pegar a rolha (aquela que sempre falo aqui no blog) e quando eu estava imaginando que o exercício seria absolutamente igual, me enganei.
O exercício em si era igual e feito da mesma maneira, porém, o que mudou foi que eu fiz esse exercício com um soneto divino do Olavo Bilac, intitulado Via Láctea. E fiquei complemente in love pelo soneto e louca de vontade de conhecer mais coisas deste poeta (eu já tinha ouvido falar no Olavo, mas não dei tanta importância e nunca tinha lido o soneto Via Láctea). Ao fazer esse exercício, ler e prestar atenção na letra do soneto instantaneamente meu dia se iluminou.
Vocês devem se perguntar, o que isso tem a ver com o tema do blog? Para mim, tudo!
Pois foi com este soneto que fiz um dos exercícios que mais gosto, foi através deste soneto que pude perceber e valorizar as pequenas coisas também, foi através deste soneto que tive vontade de pesquisar sobre Olavo Bilac e através deste soneto tive absoluta certeza de que minha fono não é só fonoaudióloga, mas também amiga, sensível e humana e pude perceber que a fonoterapia é apenas uma parte do processo, mas nela também aprendo outras coisas, inclusive, cultura.
Abaixo, o poema que me encantou. É lindo!
Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas"
Olavo Bilac
Fonte: http://pensador.uol.com.br/via_lactea_poema_de_olavo_bilac/
Fonte: http://pensador.uol.com.br/via_lactea_poema_de_olavo_bilac/